ODE AO INCONSCIENTE (À MANEIRA DE NERUDA)
Quantos tormentos sobre a superfície lisa
É o central volume de forças,
A potência estendida das águas,
A imóvel solidão cheia de vidas
Tempo talvez ou força acumulada
De todo movimento, unidade pura,
Que não selou a morte, verde víscera
De totalidade abrasadora
Tua energia
Parece resvalar sem ser gasta,
Parece regressar a seu repouso
Do braço submerso que levanta uma gota
Fica apenas um beijo de sal
A onda que desprendes
Arca de identidade, pluma estrelada
Quando se desempenhou foi só espuma,
E regressou para nascer sem consumir-se
Toda sua força volta a ser origem.
Só entrega despojos triturados,
Lascas que apartou o teu carregamento
O que expulsou a ação de tua abundância
Planícies levantadas pelas ondas,
Formaram a pele nua do planeta
E só sob ao fio das redes
O relâmpago morto da escama,
Um milímetro ferido na distância
De tuas totalidades cristalinas
E nada falta em ti
Cumes vazios, cicatrizes, sinais
Que vigiam os ares mutilados
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